domingo, 2 de abril de 2017

"Guelra" João Catalão # 29 Abril - Galeria do Salão Mediaval


Galeria do Salão Medieval

GUELRA | ARTE TOTAL – LABORATÓRIO DE TRANSCRIAÇÃO COREOGRÁFICA

Residência Artística e Workshop com João Luis Catalão

Workshop | sábado das 10h às 13h [gratuito com limite de 12 participantes]

Apresentação | sábado 29 de abril às 17h30 [entrada livre]




A Guelra – Laboratório de Transcriação Coreográfica, é um laboratório transdisciplinar desenvolvido pela Arte Total desde 2012. Funciona como residência artística que culmina com uma apresentação pública final. O projecto é apoiado pelo Ministério da Cultura, através do programa de apoio quadrienal da DGArtes à estrutura Arte Total. Esta edição realiza-se na Galeria do Salão Medieval na Largo do Paço em parceria com o Conselho Cultural da Universidade do Minho..

João Luis Catalão é um artista, curador e programador cultural cujo trabalho incorpora uma forte dimensão conceptual coreográfica e que já colaborou com a Arte Total em diversos projectos. Esta residência artística realiza-se de 24 a 29 de abril, com apresentação pública no dia 29 de Abril às 17h30. A residência está associada à inauguração da exposição DO ALTO DAS MONTANHAS AO FUNDO DOS MARES – RÉMIGES, RESPIROS E PILOTIS, do mesmo autor, que acontece no próprio dia 29 às 16h. A entrada é livre em ambos os eventos.

A Arte Total, em parceria com o Conselho Cultural da Universidade do Minho, organiza ainda um workshop com o artista convidado aberto a todos os interessados em conhecer e aprofundar o processo de criação desta residência artística e da exposição que lhe está associada. A perspectiva é transcoreográfica. O workshop realiza-se no dia 29 de Abril, das 10h às 13h, na Galeria do Salão Medieval no Largo do Paço. A inscrição é gratuita, com limite máximo de 12 participantes, e pode ser feita no Conselho Cultural da Universidade do Minho pelo telefone 253601139.


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No conjunto de edifícios de diferentes épocas que compõem o antigo Paço Arquiepiscopal funcionam actualmente, além da Reitoria e de alguns serviços da Universidade, a Biblioteca Pública e o Arquivo Distrital de Braga. É um lugar complexo de memória e entrelaçamento. A acumulação de sedimentos colectivos e históricos constitui um campo privilegiado de ressurgência da cidade. Dos seus ritmos, projecções e interligações invisíveis no passado e no presente. Os invisíveis são vozes que dançam. Nos anos cinquenta o Diário do Minho editava uma coluna denominada “movimento de navios”. No dia 29 de abril de 1950 o jornal exibia na capa a fotografia do basquetebolista americano de origem croata George Mikan com a mulher e o filho recém-nascido. Encontrei a imagem tipográfica original no jardim da livraria Centésima Página. O mesmo jornal noticiou em 1950 que um navio norueguês tinha embarcado em Lisboa 3 milhões de pés de oliveiras para o México. Em 1993 a Biblioteca Pública organizou um ciclo de conferências sobre arqueologia a que chamou “do fundo dos mares ao alto das montanhas”. É essa dimensão poética da respiração e do movimento que esta guelra muito subjectivamente retoma. Do alto das montanhas ao fundo dos mares. A inversão de sentido tem um significado de retorno. A luz emitida pelos objectos que se aproximam sofre um desvio para o azul. A luz emitida pelos objectos que se afastam sofre um desvio para o vermelho. O azul foi a cor das anilhas dos pombos-correios no ano passado. O vermelho é a cor das anilhas este ano. “O livro dos olhos e das águas” é um livro de baptismo imaginário. Invoco aqui um livro imaginário para falar dos navios que se movem em terra firme. Para mim é uma forma de coreografia de um não coreógrafo.

João Luis Catalão, Fevereiro 2017


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[João Luis Acciaiuoli Catalão é artista, curador e programador cultural. Nasceu em Coimbra em 1961 e é licenciado em Gestão de Empresas pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, onde frequentou ainda a licenciatura em Biologia e a Escola de Artes Visuais do Parque Lage. Viveu no Lobito e trabalhou na área de Estudos de Mercado no Brasil, Londres e Lisboa. Iniciou um projecto artístico pessoal a partir do Museu dos Biscainhos quando regressou a Braga em 2001. Organiza e participa desde então em diversos projectos artísticos e culturais. Foi fundador e programador da Clarabóia – Agenda Cultural da Casa do Professor e fez parte da direcção artística da Guelra – Laboratório de Transcriação Coreográfica. Colaborou, entre outros, com a Imerge – Ideias Emergentes no Porto, Universidade do Minho, Arte Total, Galeria Show me, Civitas Braga, Centésima Página, Velha-a-Branca, Sindicato de Poesia, GNRation, Encontros da Imagem, Cineclube de Joane, Cineclube Aurélio da Paz dos Reis, Mapa Use It Braga e Close-Up – Observatório de Cinema de Famalicão. A partir do seu acervo e universo artísticos, com múltiplas interligações narrativas e conceptuais e ênfase nas dimensões éticas, poéticas e coreográficas, desenvolve actualmente o projecto Escola de Navios – Foldenfjord Homing Museum.]


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